Entrevista com Bruno Faucz

By Heloise Travain - outubro 14, 2015

Bruno Faucz e a poltrona Nonno.
O evento Garden Week realizado no Casa Hall Shopping há quase um mês, nos proporcionou grandes momentos de aprendizagem e oportunidade de conhecer referenciais da arquitetura e design. E um deles, foi o designer catarinense  Bruno Faucz, que sim já tínhamos visto seu trabalho em várias mídias, porém conhece-lo pessoalmente foi incrível. Uma pessoa simples, humilde, porém muito criativa, com um talento incomparável, um dom de Deus. Já participou do Paris Design Week, iSaloni, Brasil SA, ICFF em NY, DW design Week, entre outros, também é um dos 32 designers brasileiros homenageados no pavilhão do Brasil na EXPO Milano 2015.
Entramos em contato com ele alguns dias após o evento e ele aceitou gentilmente conceder uma entrevista exclusiva para o blog, e que vocês vão conferir agora! Logo após a entrevista terão algumas fotos de alguns dos seus produtos (foi difícil escolher), para você poder entender um pouco mais do trabalho excelente de Bruno Faucz.

archlife: O que te motivou a cursar design?
Bruno Faucz: Desde muito pequeno gostava de desenhar, nunca havia desenhado mobiliário ou casas, mas sempre criativo, desde pequeno. Quando tive de decidir o que iria estudar para me formar em um profissão, eu tinha uma certeza, precisaria ser na área criativa. Prestei vestibular para Publicidade de Design de Mobiliário, optei por design de Mobiliário e hoje não consigo me imaginar em outra área, me apaixonei pela profissão no início da faculdade.

AL:O que mais te inspira no processo criativo de um produto?
BF: Qualquer coisa a qualquer momento pode inspirar, acredito que o designer precisa ser essencialmente um curioso, assim sempre estará em busca de novidade, então a inspiração poderá encontrar seu caminho a qualquer momento.
Mas há algo que inspira muito mais que minha profissão, que inspira minha vida que é o sacrifício de Jesus Cristo na cruz pela vida da sua criação, nós.

AL: Quais são suas referências de designers brasileiros?
BF: Minha maior referência do desenho brasileiro é o Sergio Rodrigues, um mestre que colocou a cara do desenho brasileiro para o mundo. Obviamente muitos outros fizeram isso também, Joaquim Tenreiro, Jorge Zalszupin, Zanine Caldas até a gerações mais recentes como Paulo Alves, Carlos Motta e ainda as atuais com Zanini de Zanine, Jader Almeida, Sergio Matos e tantos outros que tem feito do design brasileiro uma referência para o mundo.

AL: Como você vê o design no Brasil?
BF: Vejo um panorama muito promissor, as fabricas estão tendo mais consciência do que realmente é design, não apenas uma casca ou um “desenho bonito”, mas algo que pode fazer parte da estratégia da empresa. As lojas e consumidores estão consumindo com mais consciência, isso tem fortalecido a profissão e os profissionais dedicados ganham espaço no mercado diante dessa situação. Percebo também profissionais mais conscientes, que estão buscando entender tudo o que envolve o “projetar”, sabendo que é necessário dominar desde a engenharia de um produto, para que o produto possa ser factível, até a comercialização da peça, por exemplo.          

AL: Qual foi a sensação ao ver seu primeiro produto executado?
BF: É incrível até hoje, cada peça que sai do papel traz a mesma sensação de alegria da primeira, ver ao vivo o que nasceu em um traço em uma folha de papel é muito bom. Saber que aquilo irá para a casa das pessoas e fará parte do dia a dia de muita gente é fantástico.

AL: De todas as suas criações, qual foi a mais desafiadora?
BF: Uma das mais desafiadoras para chegar à execução conforme o projeto foi a Pilão, pois é uma peça toda torneada e com muitos ângulos diferentes na execução. O encosto todo estofado em couro, com costuras arredondadas foram um desafio também, pois a execução precisava ser perfeita para que estas costuras ficassem alinhadas. Se algum destes detalhes não fossem bem executados a peça perderia seu valor.

AL: Qual a sua visão sobre o mercado catarinense para o design?
BF: Bons designers tem se revelado em Santa Catarina, Jader Almeida é o maior exemplo, já consagrado. Minha amiga Renata Moura que hoje mora em SP faz trabalhos incríveis com diversas empresas, ela é a criadora da famosa Brastemp retro, mas para mim a sua peça mais icônica é o banco Goma que já foi bastante premiado.
No universo das empresas, temos fábricas incríveis com destaque no Brasil e no mundo, neste ano em Milão 2 das 4 empresas brasileiras que expuseram no iSaloni eram Catarinenses, após isso estas empresas expuseram também em NY. Com relação as lojas, Balneário Camboriú tem se estabelecido como um núcleo fortíssimo, com excelentes lojas que estão promovendo o design com perfeição.

AL: Como foi participar do Paris Design Week?
BF: Foi incrível, em 2014 foi minha primeira exposição internacional, o convite veio direto da Galerie Joseph, galeria de arte que participa do roteiro oficial da semana de design por lá. Após isso expus em Milão no iSaloni, Brazil SA e EXPO, seguindo para NY na ICFF onde tive uma peça destacada como um dos principais projetos pelo badalado blog Design Milk. Por último este ano estive novamente com a Galerie Joseph.

AL: A poltrona Bag está exposta no Pavilhão do Brasil na Expo Milão 2015. Como surgiu essa parceria?
BF: Recebi um contato do escritório Arthur Casas, eles me informaram que fariam um espaço homenageando 32 designers brasileiros. Neste momento me convidaram para participar com a poltrona Bag, obviamente aceitei o convite com honras. A peça está compondo o pavilhão do Brasil em Milão desde o dia 1 de maio e estará em exposição até dia 31 de outubro.

AL: Você ainda tem algum produto para ser lançado em 2015?
BF: Devo lançar alguns complementos da Linha 14Bis e uma mesa de jantar com a Toca da Movelaria. Mas muitas peças novas estão em fase de finalização para lançamento no início de 2016, peças que serão lançadas com a Tissot, Moora, Dona Flor, Nova Home e Móveis James.

AL: Qual sua mensagem para estudantes de designer?
BF: Faça seu trabalho com amor, busque ver design além de desenho, procure ver como um processo entendendo tudo que faz parte do momento de criar algo, dominar estes processos é essencial, assim você será capaz de estar a frente no mercado. Um produto com bom design gera negócios, e bom design não é apenas um produto bonito, mas sim uma peça que foi pensada em todas as etapas, desde a sua execução na indústria, até a sua comercialização.
Muito importante, tenha paciência, ouça as pessoas, você pode aprender com todas elas. O designer não é o dono da verdade, ele projeta para os outros, assim qualquer opinião pode ser bem vinda, filtre com sabedoria as informações. Não tenha como principal meta “ganhar dinheiro”, ele é consequência de um trabalho bem feito.
Aparador 14bis.
Pilão: Peça desenhada após algumas pesquisas com o objetivo de estudar objetos que já fizeram parte da história da cultura brasileira. O café acabou sendo alvo do estudo, faz parte da mesa de todo e qualquer brasileiro desde 1727 quando foi introduzido no país pelos franceses. O pilão era uma ferramenta usada para moer muitas grãos e está relacionado ao trabalho manual de um café de qualidade feito artesanalmente. Este objeto serviu de inspiração para o desenho da Poltrona Pilão, que pode ser claramente percebido no desenho dos pés da peça, sobretudo nos pés frontais. iSaloni, Brasil SA Milano, ICFF NY 2015.
Camp: Existe algo  mais brasileiro do que a improvisação? Este é um termo que considero de forte brasilidade, temos um povo criativo, que mesmo sem recursos, sempre dá um jeito de criar e conseguir as coisas que quer! Esta peça buscou inspiração na improvisação, usando elementos que remetem a um viajante aventureiro ou um acampamento… Podemos descrever a peça com esta simplicidade: Um “saco de dormir” amarrado a um “cavalete”, sobre uma almofada, pronto, agora é só sentar e curtir! Lembranças como viagens e aventuras fazem parte da “emoção” do produto. iSaloni, Paris Design Week, ICFF NY 2015.
Bag: Dw design week, EXPO Milano 2015.
Patagônia: Desenvolvida para a SACCARO, a poltrona Patagônia é inspirada no habitat e cultura da região argentina; uma peça que valoriza a madeira combinada ao couro. O móvel faz alusão às cavalgadas, forte prática turística da Patagônia, revelando detalhes característicos como as costuras presentes nas celas, suas amarrações a abotoaduras.
Gostaria de agradecer mais uma vez ao Bruno Faucz pela entrevista. Que Deus continue te abençoando e te dando muito sucesso em tudo o que fizer!

Fonte imagens e informações site Bruno Faucz.
Instagram: @brunofaucz

Bisous,

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1 comentários

  1. Adorei a entrevista com o Bruno Faucz, quanto mais conheço ele mais admiro ele como pessoa e como profissional. Grande aprendizado sempre! Parabéns Bruno por ser essa pessoal maravilhosa! e obrigado Archlife por nos proporcionar essa oportunidade de conhecer melhor esse grande profissional.

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