Livro aponta RS como pioneiro em arquitetura neoclássica no Brasil
By Heloise Travain - março 23, 2016
O lançamento de A arquitetura
neoclássica em Porto Alegre, que faz uma revisão histórica e crítica, está
dentro da programação oficial da 57ª Semana da cidade
A história da arquitetura neoclássica no Brasil, tendo como base Porto Alegre
com a originalidade de seu acervo, sua contribuição e pioneirismo está no novo
livro do diplomata brasileiro Fernando Cacciatore. A revisão histórica, editada
pela Buenas Ideias, é acompanhada de fotografias de Dudu Contursi e Fernando
Bueno, com prefácio do prefeito da capital gaúcha, José Fortunati e do crítico
de arquitetura, o embaixador André Aranha Corrêa do Lago. O lançamento será dia
23 de março, às 19h, na Pinacoteca Rubem Berta.
A obra nos mostra uma abundante arquitetura neoclássica na cidade, explica seu
desenvolvimento – que ocorre em um tempo próprio em relação ao Brasil e o Mundo
Ocidental – e classifica os prédios em sete categorias baseadas em regras
seguidas por arquitetos e engenheiros: Barroco de transição para o Neoclássico,
Neoclássico Rigoroso, Neoclássico Florido, Neoclássico de transição para o
Eclético, Eclético com estrutura Neoclássica, Neoclássico Moderno e Neoclássico
Kitsch.
Entre os prédios citados estão o Hospital Santa Clara da Santa
Casa de Misericórdia, Theatro São Pedro, antiga Casa da Junta da Real Fazenda,
Memorial do Ministério Público, Cúria Metropolitana, Museu do Comando Militar
do Sul, Igreja de Nossa Senhora das Dores, Mercado Público, Palácio Piratini,
Asilo Padre Cacique, Colégio Paula Soares, Viaduto da Otávio Rocha, Hospital da
Beneficência Portuguesa, Paço Municipal, Pinacoteca Rubem Berta, Prédio Tuiuty.
“São detalhes históricos de uma Porto Alegre que muitos desconhecem”, comenta
Cacciatore.
De acordo com Contursi e Bueno, as fotografias que ilustram a
obra apresentam uma cidade de uma beleza arquitetônica que, por muitas vezes,
nos passa despercebida. “Mesmo com muitas interferências, optamos por não manipular,
ou muito pouco, as imagens para não descaracterizar e descontextualizar as
construções”, lembram.
O estilo neoclássico no Brasil começou oficialmente com a vinda
da família real portuguesa, após 1808. O objetivo era mudar a ideia de colônia
e transformar o país em reino. Neste período, a influência predominante foi do
neoclássico rigoroso, que representa a arquitetura culta, moderna, de
vanguarda. O Rio de Janeiro, por ser a capital da coroa, sempre foi destacado
nas histórias de arte como pioneiro. Mas o autor aponta, no entanto, que obras
no Rio grande do Sul foram realizadas antes com estas características e prova
sua contribuição na história. Um exemplo é a Igreja de São Pedro, na cidade de
Rio Grande. Construída em 1755 traz elementos típicos do pré-classicismo, como
o arco romano ou pleno na janela acima da porta central e nas torres sineiras.
Esse pioneirismo, segundo o diplomata, se deve ao Estado não ter um passado
barroco. Estilo que, para ele, é inexistente na região Sul fora em alguns
detalhes isolados, como a porta de serviço do Solar dos Câmara em Porto Alegre.
“O todo é, sem dúvida, pré-clássico”, completa. Como exemplo, compara a Igreja
de São Francisco de Assis, em Ouro Preto/ MG e a Igreja Nossa Senhora da
Conceição, em Viamão/RS, construídas em 1766 e 1767, respectivamente. A de Ouro
Preto tem estilo barroco e a de Viamão possui características diferentes como
verticalidade, predominância do branco, formas geométricas simples e traz a
preferência pela razão e não a fé. “Configura-se em um novo estilo, o
neoclássico e isso é revolucionário diante do Brasil”, afirma.
Outro ponto levantado pelo autor foi o papel fundamental do Visconde de São
Leopoldo e construtor do Solar dos Câmara, José Feliciano Fernandes Pinheiro,
na aceitação do estilo neoclássico em todo o império do Brasil. Como ministro
do interior acabou com as intrigas entre os anti-iluministas, chefiados por
Marquês de Aguiar, e os acadêmicos e artistas franceses trazidos por D. João VI
e possibilitou o funcionamento da Escola Imperial de Belas Artes em 1826, que
propagou as novas ideias.
A arquitetura neoclássica em Porto
Alegre terá sessão de
autógrafos junto com a exposição “Um Diálogo de séculos:
Porto Alegre, Grécia e Roma Antigas”, onde serão exibidas peças do acervo
pessoal do autor, que fazem um diálogo entre o clássico e o neoclássico no RS.
Na ocasião o livro será vendido a um preço especial ( R$ 50,00 ).
Sobre o autor: Fernando Cacciatore é um diplomata
brasileiro, nascido em Porto Alegre em 1944. Em 1968, além de formar-se no
Instituto Rio Branco como Terceiro Secretário, começando assim sua carreira de
diplomata, obteve o grau de Bacharel pelo então Instituto de Ciências, Sociais,
Políticas e Econômicas da Universidade Católica do Rio de Janeiro. Como
diplomata, serviu nas Embaixadas do Brasil em Londres, Bancoque, Bonn, Nova
Délhi, Caracas e Berlim, nos Consulados-Gerais do Brasil em Londres, Munique e
Buenos Aires e no ERESUL, escritório do Ministério das Relações Exteriores no
Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, para onde foi transferido de Berlim e que
chefiou de 2005 a 2006. Desde então vive em sua cidade natal, pois em 2007
decidiu aposentar-se como Ministro, para dedicar-se inteiramente a seus escritos,
especialmente história. Em 2010, publicou pela Editora Sulina Fronteira Iluminada – História do
Povoamento, Conquista e Limites do Rio Grande do Sul, a partir do Tratado de
Tordesilhas – 1420-1920, livro
acolhido com grande sucesso: em menos de dois anos (2010-2012) teve duas
impressões e uma segunda edição, corrigida. Também escreveu Como escrever a história do Brasil:
miséria e grandeza e O Ritual dos Pastores,
ambos pela Sulina.
O quê: lançamento e sessão de autógrafos do livro A arquitetura neoclássica em
Porto Alegre, de Fernando Cacciatore (editora Buenas Ideias, 144 páginas, R$ 79,90 –R$ 50,00 no lançamento).
Quando: quarta-feira, 23 de março, às 19h.
Onde: Pinacoteca Rubem Berta (R. Duque de Caxias, 973 - Centro Histórico, Porto Alegre).
Quando: quarta-feira, 23 de março, às 19h.
Onde: Pinacoteca Rubem Berta (R. Duque de Caxias, 973 - Centro Histórico, Porto Alegre).
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