Iluminação: planejando a luz certa para cada ambiente

By Heloise Travain - agosto 14, 2013


A primeira providência a ser tomada quando se quer iluminar os espaços da casa é avaliar que tipo de atividade ocorrerá ali: trabalhos que exigem precisão – cozinhar, passar roupa, estudar, maquiar-se, barbear-se -, momentos de lazer – assistir TV, ler, escutar música – ou receber socialmente. Também deve ser levado em conta o tempo que se pretende permanecer nesse lugar. Em seguida, eleja o que há de bacana na decoração e na arquitetura que mereça ser valorizado com a iluminação. Com esses dados em mãos fica mais fácil partir para o projeto específico de cada ambiente. No entanto, vale lembrar que iluminar é quase uma equação – não muito simples – e que por isso contar com um especialista faz diferença. Hoje, é possível contratar bons lighting designers, profissionais que geralmente trabalham em parceria com os arquitetos. Muitas lojas de iluminação também oferecem consultores treinados para auxiliar no desenvolvimento do projeto. Além de demonstrarem as diferentes maneiras de se iluminar um espaço, eles ainda fornecem as melhores alternativas de acordo com a planta do ambiente ou indo pessoalmente ao imóvel.

Salas de estar e jantar: estas são áreas que requerem flexibilidade na iluminação. Elas precisam ser confortáveis tanto nas horas intimistas, quanto nos momentos de confraternização entre amigos. O ideal é contar com uma luminosidade tênue e difusa. Comece pelos pontos centrais, responsáveis pela luz geral do ambiente, aquela que apresentará o espaço como um todo, além de ser útil na utilização do dia-a-dia e na limpeza. Sobre a mesa de jantar, um lustre é imprescindível. Em seguida vêm os spots de facho localizado, que desenharão e destacarão os recortes da arquitetura, bem como estantes, quadros, mesas de centro, entre outros itens. Finalmente, distribua os abajures e as luminárias de piso, incorporando-os na linguagem do projeto. Essa claridade mais baixa e em tom rosado ilumina o rosto das pessoas, conferindo uma aparência saudável aos presentes. A utilização de dimmer nas salas é bastante indicada, pois garante a quantidade de luz adequada para cada ocasião.
Quarto: aqui também é preciso ter uma iluminação geral para atender as atividades básicas, como limpeza, se movimentar entre os móveis e ter acesso ao interior dos armários. Quando dimerizada, essa luz torna-se adequada também para ler ou assistir TV antes de dormir. Para esse conforto, pode-se contar ainda com um abajur na mesa de cabeceira. Em quartos de casal a situação se complica caso marido e mulher tenham hábitos diferentes. Se um gosta de ler à noite e o outro não suporta o menor ponto de claridade na cama, a saída é apostar em luminárias com braço flexível, que localizam a luz somente sobre o objeto de leitura.
Banheiro: além da luz geral, este espaço requer atenção extra com a iluminação da área da pia, onde fica o espelho. Banheiros de casal precisam ai ter flexibilidade. Isto porque o homem necessita de uma luminosidade mais chapada e uniforme para barbear-se. Já a mulher requer excelente reprodução de cor devido à maquiagem e cuidados com o cabelo. Tecnicamente, a melhor maneira de iluminar a bancada é a chamada luz de camarim, que clareira todo o perímetro do rosto, evitando sombras. Feito com uma série de lâmpadas incandescentes bolinha, distribuídas por toda a volta do espelho, o recurso tem inconvenientes, pois esquenta e ofusca o usuário. Para acompanhar o conceito, eliminando seu lado desconfortável, uma solução é adaptar luzes atrás do espelho, algumas voltadas para cima, de maneira que possam rebater no teto, e outras dirigidas para baixo. Nas laterais, use arandelas, localizando-as de forma que não invadam o campo visual de quem está na pia. É importante salientar que essa solução só funciona em ambientes com revestimentos claros.
Closet: esqueça o jeito mais tradicional de iluminar esse espaço, isto é, instalando vários spots no centro do teto, voltados para os lados. Isso não funciona, porque ao acessar as roupas, você fará sombra a elas. Existem meios mais correto para se ter uma luz homogênea e uniforme. Um deles é investir em luminárias com uso específico para o interior de armários, iluminando individualmente os nichos. Outra opção é instalar lâmpadas de forma continua ao longo do centro do teto, ou então, localizar no forro, próximo à marcenaria, equipamentos assimétricos, cujos focos fiquem direcionados para a parte interna dos módulos. Em todos esses casos, a lâmpada mais indicada é a fluorescente. Saiba que hoje já existem modelos com 98% de índice de reprodução de cor.
Cozinha: geralmente esse ambiente é entregue com apenas um ponto de luz central, o que não é suficiente, uma vez que aqui a maior parte das atividades é periférica. Não adianta intensificar a potência da lâmpada, porque quando a luz parte do meio do espaço, quem circula pelo local acaba fazendo sombra nas laterais. O ideal é dividir a iluminação em até três pontos isolados, conforme a configuração arquitetônica. Sobre a pia é preciso ter uma luz que gere contraste para facilitar a limpeza dos alimentos, louças e panelas. Já na área do fogão, a maior parte das coifas vem com lâmpadas halogenas, que suportam calor e têm excelente reprodução de cor. Procure sempre usar dimmer, isso contribui para baixar o consumo.
Área de serviço: uma iluminação geral, feita com lâmpada fluorescente, é o bastante para dar qualidade luminotécnica ao espaço. Para poupar energia, recomenda-se usar luminária que receba duas lâmpadas, as quais podem ter circuitos desmembrados e assim ser acionadas individualmente, conforme a necessidade. Dimerizar também ajuda a economizar na conta de luz.
Escritório: avalie o tipo de atividade do local. Se o trabalho acontece basicamente no computador, pode-se ter uma iluminação mais baixa, pois o monitor emite luz. Já quem lida com papel precisa de um ambiente bem mais claro. O recomendado é ter uma iluminação geral no plano de trabalho, nunca no centro do teto, e uma luminária de mesa articulável. Evite lâmpadas que provoquem calor, como as incandescentes e as halogenas.
Corredor: uma das maneiras para se conseguir luminosidade homogênea é distribuir uma luz geral ao longo do centro do teto. Outra forma é usar spots duplos voltados apenas para as paredes. Sancas ou rasgos lineares no forro, ambos empregando lâmpadas fluorescentes, também dão resultado. Vale lembrar que linhas luminosas longitudinais enfatizam o comprimento do corredor, enquanto luzes não contínuas encurtam visualmente o ambiente.


Conhecer todas as lâmpadas disponíveis no mercado é missão quase impossível. Por isso, reunimos as mais populares e usadas.

Incandescente: a mais antiga e tradicional das lâmpadas é tida como vilã no consumo de energia. Há inclusive um movimento mundial - Ban The Bulb -, que visa exterminá-la do planeta. No entanto, há certo exagero na questão. Para começar, trata-se de um equipamento de baixo impacto ambiental, pois leva em sua composição apenas vidro e metal, ambos recicláveis. Apesar de ser gastona, num espaço de pouco uso, como despensas ou louceiros, ela é a opção mais econômica que há. Tecnicamente falando, possui o menor rendimento luminoso, mas ainda nenhuma outra lâmpada conseguiu reproduzir sua acolhedora luz amarelada.
Halógena: também não é das mais eficientes, mas está uma geração a frente das incandescentes. Da sua família fazem parte as dicróicas, as PAR e as refletoras AR. De dimensão pequena, trabalha por incandescência, ou seja, possui o mesmo filamento de tungstênio de sua irmã mais velha, porém em seu interior há um gás que melhora sua eficiência. Por exemplo, uma incandescente gera de 14 a 18 lumens* por watt **, enquanto uma halógena, gera entre 20 a 25 lumens por watt. Recentemente, foi lançada uma nova versão desta lâmpada. Trata-se de um bulbo esférico com metalização à base de ouro e prata, tratamento que permite que a radiação infravermelha, responsável pelo calor, volte para o filamento. Dessa forma, ela permanece com a mesma temperatura, porém consumindo menos energia. Uma lâmpada dessa de 35 watts equivale a uma normal de 50 watts, cerca de 20% a mais em eficiência. Há ainda uma outra versão dessa lâmpada, desenvolvida por um fabricante brasileiro. Aproveitando a estrutura da incandescente, com sua rosca de diâmetro 27 cm, foi introduzida dentro do tradicional bulbo em formato de pêra uma lâmpada halógena. Com isso, um modelo de 30 watts pode proporcionar luz equivalente a uma incandescente de 55 watts, além de ter um ciclo de vida maior, até 10 mil horas, contra as mil horas das incandescentes. Todas as halógenas são consideradas lâmpadas quentes.
Fluorescente: desenvolvida no final dos anos 1930 para áreas de trabalho, está hoje entra as mais econômicas do mercado. As convencionais são tubulares, desde as mais grossas até as bem finas, estas lançadas recentemente. O modelo T5 é o de maior sucesso, pois tem 24 mil horas de vida, três vezes mais que sua antecessora, a T8. Sua temperatura de cor é bastante variada, indo do super branco até os amarelados. Também faz parte da família a T2, equipamento de 8 mm de diâmetro, há muito usado nos aviões. Entretanto, devido ao seu bom rendimento e luz suave, tem sido empregada para destacar detalhes da arquitetura e do mobiliário. Fininha, ela pode ser adaptada numa estreita canaleta e iluminar um móvel por baixo, bem como ficar oculta atrás da cabeceira da cama ou do criado-mudo. Mais conhecida no uso residencial, a fluorescente compacta se apresenta em luminárias específicas e também em modelos eletrônicos, aqueles que possuem corpo redondo de plástico com rosca de 27 cm, que podem ser usados nos mesmos soquetes das incandescentes. Com rendimento luminoso quatro vezes maior que as incandescentes e durabilidade bastante longa, essas lâmpadas precisam de refletores de alto brilho e ventilação. Fechadas dentro de luminárias elas queimam com facilidade.
LED: esta é a mais recente tecnologia em termos de iluminação. Seu tamanho diminuto permite várias configurações, desde fitas finíssimas com cerca de 10 mm de largura e 3 mm de espessura, até produtos que lembram as lâmpadas bolinha. Todas de baixo consumo energético e ciclo de vida de 50 mil horas. Existem ainda os modelo similares às dicróicas, com diversas potências, configurações e cores. Podem ser usados em spots, proporcionando luz localizada. No entanto, sua potência é inferior à dicróica: é preciso três LEDs para chegar ao pacote de luz de uma halógena. No geral, todo LED funciona com 12 volts***, portanto requer um transformador específico. Não adianta querer usar o transformador da halógena, este não trabalha na mesma frequência e rapidamente queimará a lâmpada. Produto caro, o LED, também chamado de luz sólida, é fácil de ser dimerizado e se apresenta em quatro tonalidades bem precisas: vermelho, verde, azul e âmbar, que podem ir se alternando gradativamente.
Catodo frio: pouco conhecida no Brasil para uso na arquitetura, esta lâmpada mescla o antigo néon com a tecnologia da fluorescente. Tem cerca de 40 mil horas de ciclo de vida e apresenta uma gama de mais de 50 cores – só o branco tem cerca de 9 temperaturas diferentes. De formato tubular, possui várias espessuras e pode ser modelada quente sob medida. Bastante econômica, é, porém, um produto de preço alto.

* Lumen (LM) – é o fluxo luminoso, a quantidade de luz emitida pela lâmpada.
** Watt (W) – representa a quantidade de energia consumida pela lâmpada – sua potência – e não sua intensidade de luz.
*** Volt (V) – é a tensão do local ou a energia que a lâmpada foi projetada para receber. Em alguns locais é 110, em outros, 22

Veja a seguir as principais técnicas para conseguir criar impacto com a luz. Todas elas requerem projeto e planejamento durante a obra, uma vez que sua execução exige infra-estrutura elétrica.

Iluminação de destaque: feita por meio de spots com focos fechados embutidos no teto, ela enfatiza objetos decorativos e recortes da arquitetura, estabelecendo uma hierarquia de valores às peças.
Wallwash: é produzido por luminárias assimétricas com refletores e lâmpadas tubulares contínuas, que “lavam” de luz a parede de forma uniforme, sem vazar para o teto ou piso. Indicado para realçar superfícies com quadros ou texturizadas.
Up light: trata-se de uma iluminação que saí de baixo, ideal para valorizar coberturas. O recurso, também muito usado no paisagismo, tem efeito instigante, uma vez que nosso cérebro, de acordo com a natureza, está programado para perceber a luz vinda de cima, e o contrário gera um ponto de vista diferente.
Luz integrada: hoje, com a tecnologia da miniaturização e do baixo índice de calor das lâmpadas fluorescentes, halógenas e leds, está cada vez mais confortável integrar a iluminação à arquitetura de interiores. Assim, é tendência usar luzes atrás da cabeceira da cama, embaixo do sofá ou da mesa, bem como explorar detalhes arquitetônicos com lâmpadas embutidas na alvenaria.
Linear: ainda dentro da integração com a arquitetura, pode-se destacar os rasgos feitos entre o forro e a parede, descolando estas partes da alvenaria e dando a impressão de que um raio de luz natural entrou no ambiente. Esta mesma técnica é usada atrás de cortinas, proporcionando volume ao tecido, e também em prateleiras de estantes. Nesses casos é possível usar chapas refletoras com lâmpadas incandescentes, de preferência, dimerizadas. No entanto, isso demanda rasgos largos. Se quiser algo mais discreto, a dica é empregar lâmpadas xenon, que não só ocupam menos espaço, como têm melhor rendimento. Ideais para prateleiras sobre bancada ou em cortineiros, essas lâmpadas vêm encaixadas em práticos perfis de alumínio. Uma terceira alternativa é a fita de LED. De espessura bastante fina e baixíssimo consumo de energia, esse equipamento oferece lâmpadas nas cores âmbar, vermelho, azul e verde, que podem funcionar de forma isolada, ou serem programadas para se alternarem.

Improvisos que dão certo: Se foi impossível planejar a iluminação com antecedência, se você não pretende passar muito tempo morando onde está ou vai dar uma festa e quer um clima especial na sala, existem alguns truques para não gastar muito e conseguir um bom resultado luminotécnico. Comece pela iluminação indireta, espalhando algumas luminárias tipo coluna, que jogarão a luz para o teto, deixando o ambiente mais luminoso. Para contrabalançar com um pouco de dramaticidade, use abajures a meia altura com cúpula de tecido. Fazendo as vezes dos spots embutidos no forro, responsáveis pela iluminação focal, entram as luminárias de mesa com haste flexível, que podem voltar o facho para cima ou para baixo, ou então iluminar algum objeto, criando zonas de interesse. Nesse caso, lâmpadas incandescentes são as melhores.
Você pode usar também um pequeno abajur com lâmpada dicróica dentro de um vaso. O facho de luz definido irá gerar uma sombra interessante da copa da planta no teto, proporcionando um efeito de claro e escuro bastante agradável. Existe ainda, uma luminária, também à base de dicróica, que projeta um relógio analógico no teto ou na parede. É a Timebeam, criada pelo Sudio Dominici.
Velas também são bem-vindas. Com sua sombra trepidante, quando usadas isoladamente incomodam, mas se formarem conjuntos, asseguram uma atmosfera romântica por cerca de 8 horas.

Hoje, mais do que nunca, esses produtos estão suportados por diversas tecnologias para torná-los atraentes e sofisticados tanto no que diz respeito à eficiência, quanto a emoção que transmitem. Há cerca de meio século, os designers de luminárias priorizavam mais a função do que a beleza e faziam questão de expor a tecnologia usada no objeto. Um bom exemplo é a Bubble Lamp, uma série de luminárias criada em 1952 pelo americano George Nelson. Feitas a partir de um plástico desenvolvido para cargas marítimas e estrutura aramada de aço, tornou-se um ícone da época. Outra peça emblemática é a Tizio, desenhada nos anos 1970 pelo alemão Richard Sapper. Primeira a usar a pequena lâmpada halógena e funcionar sem fio, ela tem um surpreendente sistema de contra-peso que lhe confere desenho elegante, porém frio.
Já as luminárias do século 21 investem no emocional, refletindo a tendência do consumidor, que prioriza produtos atraentes, deixando a função de iluminar para os equipamentos escondidos na arquitetura. O que se vê de mais novo são produtos embasados por alta tecnologia, mas que parecem ter sido feitos à mão, um a um para cada ambiente. O resultado são luminárias que beiram a obras de arte, repletas de poesia. Os materiais também surpreendem. Nesta última Euroluce, feira bienal de iluminação, que ocorre em Milão, Itália, entre os destaques estavam as criações de David Trubridge, designer da Nova Zelândia que trabalha com madeira recortada a laser.
Usar recursos artesanais é outro viés da modernidade e para citar apenas um nome importante nessa área, vale destacar o inglês Angus Hutcheson. Morando na Tailândia, esse designer só usa materiais renováveis, como casulos de seda, galhos de árvore e rattan. Suas luminárias são é de baixo impacto ambiental e carregam uma grande carga emocional. 

Fonte: http://casa.abril.com.br/

E ai curtiram?
Até mais, Helo.

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