Universidade de Virgínia - arquitetura e simbolismo

By Heloise Travain - novembro 03, 2016


Olá pessoal!!

Estou lendo um livro maravilhoso "A relevância da arquitetura" de Paul Goldberger (logo vai ter vídeo falando sobre ele). E hoje vim compartilhar com vocês uma parte que achei bem interessante sobre o campus original da Universidade de Virgínia, concebida por Thomas Jefferson.
Projetada quando Jefferson tinha 74 anos, "a aldeia acadêmica", como ele gostava de chamá-la, consiste de suas fileiras paralelas de cinco cadas clássicas, chamadas pavilhões, ligadas por calçadas com colunatas baixas, dispostas ao longo de um vasto gramado de magníficas proporções. Na cabeceira do gramado, presidindo toda a composição, fica a Rotunda, uma estrutura em domo cujo desenho se baseia no Panteão Romano. 
Cada Pavilhão foi projetado de acordo com um motivo clássico diferente, de modo que o conjunto constituiu um curso virtual de arquitetura clássica: o caráter direto e a simplicidade da ordem dórica e a riqueza da coríntia podem ali ser comparados em uma espécie de fuga jeffersoniana sobre variações clássicas. Tal como Jefferson a concebeu, a Rotunda funcionava como biblioteca, em um esplêndido exemplo de simbolismo, já que ele transformou a forma dedicada à homenagem de deuses antigos em um templo dedicado ao livro, dando-lhe em seguida um lugar de honra na composição.
 Há ali ainda outros tipos de simbolismo: os pavilhões, no seu grande estilístico, marcam de certa forma o início da tendência norte-americana de pinçar elementos históricos, adaptando estilos do passado segundo sua conveniência. Os pavilhões, sede originais das faculdades (atrás dos quais ficavam as acomodações dos estudantes), eram ligados pelas colunatas representando o caráter comunitário da universidade.
O lugar inteiro é uma lição, não apenas em termos de ensino didático das ordens clássicas, mas também em mil outras maneiras mais sutis. No fundo, a Universidade de Virgínia é um ensaio sobre o equilíbrio - entre o mundo da construção e o mundo natural, entre o indivíduo e a comunidade, entre o passado e o presente, entre a ordem e a liberdade, Há ordem nos prédios, liberdade no gramado - entretanto, à medida que as construções ordenam, definem e encerram o grande espaço aberto, este concomitantemente lhes empresta sensualidade e riqueza, Nem as construções nem o gramado teriam sentido um sem o outro, e o diálogo que travam é uma composição sublime.
O gramado apresenta-se em terraços, descendo gradativamente à medida que se afasta da Rotunda, o que acrescenta ritmo à composição. É um cômodo que tem o céu por teto: conheço poucos lugares ao ar livre em que seja possível sentir tão intensamente o espaço arquitetônico.
 Nas construções de Jefferson manisfestam-se ainda outros tipos de equilíbrio: entre a frieza gelada da pedra pintada de branco e o calor avermelhado do tijolo, entre a suntuosidade da ordem coríntia e a contenção da ordem dórica, entre o ritmo das colunas ao longo do gramado e as massas dos pavilhões. À luz do fim da tarde, tudo isso pode mexer com o coração, e sentimos que aquela luz, dançando nas colunas, tornando os tijolos macios e magníficos, é palpável, Há uma beleza impressionante, mas também uma absoluta clareza. Torna-se evidente que Jefferson criou tanto uma abstração total como uma expressão literal e notável de uma ideia, A arquitetura raramente foi tão segura de si, tão criativa, inventivas e descontraída quanto ali,
Referência texto: A relevância da Arquitetura - Paul Goldberger. Capítulo 1.

Mais imagens:




 O que acharam da obra e do texto?

Bisou, Helo.

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1 comentários

  1. Olá, eu gostaria de perguntar se esse texto, está igual o do livro de referência ou você alterou algo?

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